Saúde

Brasileiros criam tecido capaz de neutralizar coronavírus

Desde que o primeiro caso de coronavírus foi confirmado no Brasil, em 26 de fevereiro, uma corrida para entender os métodos de prevenção e tratamento começou. Desde então, quase quatro meses de quarentena já se passaram e alguns setores retomam as atividades, mesmo que o pico dos casos ainda não tenha sido atingido. Em paralelo a isso, um grupo de pesquisadores conseguiu desenvolver um tecido antiviral.

Composto por poliéster, algodão e duas micropartículas de prata, a invenção se mostrou – até o momento – capaz de inativar 99,9% da carga viral do SARS-CoV-2 – vírus responsável por causar a Covid-19. O tempo médio para a ação do tecido é de dois minutos, mas também pode chegar a cinco. Segundo os pesquisadores, o material deverá ser utilizado na fabricação de máscaras e demais produtos hospitalares.

“O tecido tem esse ativo de prata e o vírus Sars CoV-2 tem uma camada lipídica, uma camada de gordura, e a prata oxida ela e quebra a barreira de proteção do vírus. Então, ele destrói o RNA e inativa o vírus”, explicou Luiz Gustavo Pagotto Simões, diretor da Nanox, startup que integra a pesquisa.

Esse estudo foi realizado pelo Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), pela Universitat Jaume I da Espanha, pelo Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e por uma startup que produzia e fabricava tecidos capazes de impedir a proliferação de fungos e bactérias.

No entanto, há outras pesquisas similares que também relatam a eficácia dos materiais na neutralização do coronavírus. Em uma parceria entre Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Bio-Manguinhos (unidade da Fiocruz) e Diklatex foi possível chegar ao mesmo 99,9% de inatividade do vírus depois de conseguir resultado semelhante para sarampo e caxumba.

A expectativa do grupo é de uma produção de 600 mil peças por mês, entre máscaras, aventais e uniformes hospitalares. De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), diversas equipes vinham trabalhando no desenvolvimento do tecido antiviral desde março.

Pesquisas

Para o desenvolvimento das pesquisas sobre os tecidos, o vírus foi cultivado desde o início da pandemia. Assim, os profissionais infectaram tecidos com e sem micropartículas de prata. Após dias de análise, conseguiram fazer com que 99,9% da carga viral fosse anulada.

“Infectamos um tecido sem modificação, outro com as duas modificações e um com o vírus que ficou dentro de um tubinho, sem nada, durante todo esse tempo. A gente teve que assumir o caos e testar todas as possibilidades possíveis, e deu um resultado interessante. O tecido normal (sem modificação) já elimina 20% do vírus. No pano com a modificação, elimina 99,9% do vírus. Simplesmente isso”, explica o professor Lúcio Freitas Junior, pesquisador do ICB-USP e líder dos testes.

Distribuição

Há alguns centros de pesquisas que disponibilizaram suas descobertas para a fabricação apenas de máscaras e demais peças necessárias para o uso em hospitais. Mesmo assim, também existem empresas produzindo camisetas, jaquetas e demais peças de roupas.

“A nossa demanda aumentou de três a quatro vezes de um mês para o outro. Aí a gente teve que se adequar a essa nova exigência, preparar um time interno nosso”, conta o sócio-fundador da Insider, Yuri Alves Gricheno.

Cuidados

Ainda que seja possível comprar essas roupas com o tecido antiviral, os cuidados ao ir à rua, como o uso de máscaras e manter distância das outras pessoas, devem ser mantidos. Isso porque 75% das pessoas se contaminam por gotículas, e não pelo contato com roupas contaminadas.

Portanto, ao chegar em casa, ainda é preciso deixar sapatos, chinelos femininos, masculinos e infantis do lado de fora. Ao entrar, também é importante lavar as mãos e tomar banho.

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